ENSINO DE HISTÓRIA NA CIBERCULTURA: NARRATIVAS SOBRE A OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO E CIDADANIA A PARTIR DA EXPERIÊNCIA HISTÓRICA ROMANA E O TEMPO PRESENTE 1h532p

  201u48

Participante do 1° Prêmio Déa Fenelon.

No presente dossiê, é discutido uma prática de ensino desenvolvida no Colégio Municipal Elza Ibrahim, em Macaé, RJ, com duas classes do sexto ano do ensino fundamental. A hipótese de trabalho, que norteia reflexões e ações docentes, é que a aprendizagem em História pode ocorrer pela historicização do tempo presente e mobilização de conceitos históricos, incorporando a experiência do ado ao espaço de experiência dos estudantes. Nesse sentido, inicialmente, apresento dados socioeconômicos do município, do bairro, da escola e dos alunos participantes. No qual foi possível identificar dois fenômenos: a existência de relações entre a comunidade escolar e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e o o ao ciberespaço por mais de 90% dos discentes, especialmente no Youtube. Em seguida, exploro a atuação do MST em Macaé, destacando o acampamento Edson Nogueira e o Assentamento Osvaldo de Oliveira, espaços de produção agroecológica de onde a escola recebia parte de sua merenda escolar via cooperativa Celso Daniel. Nos referenciais teóricos, teço diálogos com os campos da História e da Educação, abordando conceitos como narrativa, educação libertadora, interculturalidade, tema gerador, temporalidade e discuto o fenômeno da expansão da cibercultura. A partir dessas reflexões teórico-metodológicas, desenvolvi em duas classes um plano de ensino para abordar a experiência histórica romana mobilizando o conceito contemporâneo de reforma agrária. O tema gerador foi as disputas na ocupação do território em diferentes espaços e tempos: as leis agrárias romanas do século II a.c., a formação do MST na década de 1980 no Brasil e a atuação do MST na década de 2010 em Macaé. As fontes utilizadas em sala de aula incluíram livro didático, blogs de divulgação científica, site e vídeos produzidos pelo MST e jornais locais. Além dos indicados inicialmente, outros sites foram sugeridos pelos estudantes e aprovados após análise conjunta. Os resultados demonstram o protagonismo dos discentes na mobilização do conhecimento e habilidades históricas na construção de narrativas com sentido, que contemplavam as características de extensão apropriada, completude e totalidade na constituição de intrigas preenchidas com a imaginação dentro das possibilidades históricas. Os estudantes elaboraram cartazes, pesquisas manuscritas e participaram de intensos diálogos em rodas de conversa e trabalhos em grupo. E criaram, de forma cooperativa, cinco narrativas audiovisuais em formato de animação, explorando ações e cenários dentro das possibilidades históricas na linguagem visual do game Gacha Life. Nas enunciações dos discentes, especialmente nos espaços em que a experiência histórica e imaginação se imbricavam, pude avaliar a aprendizagem, entre processos cognitivos e afetos.

 

PDF para o trabalho completo aqui.

 

revista unesp

Mary 5

 


Prof. Naicon de Souza Brinco 3z1q4w


Doutorando em História Social na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mestre em Ensino de História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2020). Psicopedagogo Institucional pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé (2014), graduado em História pela Universidade Veiga de Almeida (2009). Atualmente é professor de História da Prefeitura Municipal de Macaé. Tem experiência na área de ensino de História, com ênfase na educação básica, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de História; aprendizagem em História; saberes e práticas no espaço escolar.