Participante do 1° Prêmio Déa Fenelon.
De acordo com Jorge Grespan, o Iluminismo não pode ser visto como um movimento singular e homogêneo, visto que se caracteriza como um movimento de ideias e, portanto, possui capacidade de renovação e modificação. Desde o século XVIII, a academia debate o que foi o Iluminismo e problematiza sua relação com o contexto da crise do Antigo Regime na Europa e da Revolução sa. Segundo Grespan, o Iluminismo pode ser caracterizado como um
movimento de ideias, no sentido forte de um processo de constituição e acumulação de saber sempre renovado e sempre capaz de ser modificado até nos fundamentos. (...) Mais do que um convite ao estudo, o lema é uma convocação à independência intelectual diante dos demais, incluindo aí os grandes filósofos; independência diante dos consagrados modos de ver o mundo, diante dos pressupostos em que se assenta o saber, inclusive o saber próprio. (GRESPAN, apud BRAICK; BARRETO 2018, p. 39.)
Dessa forma, o trabalho com o Iluminismo nas aulas de História da educação básica torna-se muito relevante, tendo em vista a necessidade de refletir sobre as mudanças e permanências da sociedade atual, que foi forjada a partir das ideias Iluministas.
Contudo, é importante salientar que a História das Mulheres e os estudos de gênero vem ganhando espaço no ensino de História, segundo Perrot, pois busca visibilizar grupos historicamente marginalizados e invisibilizados nos currículos escolares da educação básica, por não fazerem parte da chamada “História oficial”. Desta forma, o trabalho em sala de aula, com estes grupos historicamente “apagados”, traz reflexões importantes para o debate em sala de aula.
Além disso, é importante que o ensino de História parta da realidade dos alunos e dialogue com a sociedade atual, visto que estudar História, não é estudar o ado, como se fosse algo cristalizado e imutável. O estudo da História traduz-se no estudo das mudanças e permanências observadas no presente, a partir da relação com o ado.
Outro fator relevante é considerar a experiência dos alunos na elaboração e condução do trabalho didático, desta forma, esta prática didática foi elaborada a partir do questionamento de uma aluna.
Durante a unidade de ensino proposta sobre as Revoluções Burguesas do século XVIII, ao trabalhar com a temática Iluminismo e abordar os principais pensadores ou filósofos iluministas, uma das alunas levantou o seguinte questionamento: “E as mulheres, Profe? Eram pensadoras?”
Esse questionamento simples, feito pela aluna, transmite a noção de que, muitas vezes, as mulheres não são sujeitos históricos nas narrativas apresentadas sobre os eventos e fatos estudados. Age-se como se fossem coadjuvantes ou como se não tivessem existido de forma ativa no processo histórico, especialmente quando falamos do Iluminismo, um movimento de intelectuais.
Assim, elaboraram-se estratégias de ensino e aprendizagem que tinham como objetivo dar visibilidade para as mulheres pensadoras no movimento Iluminista. Essas estratégias, que constam descritas ao longo deste dossiê, também tinham o intuito de estimular nos alunos à pesquisa e à produção do material de divulgação dessa pesquisa.
Outro elemento importante dessa prática é que ela foi construída e realizada durante o ano de 2020, no qual houve a suspensão das aulas presenciais e tal atividade também teve o objetivo de manter os processos de ensino-aprendizagem, mesmo que de forma remota, e o vínculo entre professora e alunos(as).
PDF para o trabalho completo aqui.
Profa. Jéssica Pereira da Costa 5a4k4f
Jéssica Pereira da Costa, doutoranda do PPG em História da Universidade de Caxias do Sul/RS, mestre e licenciada em História, pedagoga, professora das redes municipal e estadual na cidade de Farroupilha/RS.
Instagram: @jessicapereiradacosta
Currículo lattes: lattes.cnpq.br/0787373935822118