A Revolução de 1924, episódio que causou profundos estragos na capital paulista, particularmente nos bairros operários, nunca recebeu da historiografia a devida importância. 604us
Trata-se do evento que colocou em cheque o modelo político do liberalismo oligárquico, antecipando a Revolução de1930. Foram mais de três semanas de combates e de ocupação da cidade pelas forças rebeldes.
Os seguidos bombardeios efetuados pelas tropas legalistas do governo federal para retomar o controle de São Paulo provocaram centenas de mortos, além de milhares de feridos, quase todos civis. Um dos maiores, senão o maior massacre urbano da Primeira República.
No entanto, a revolta permanece praticamente ignorada do grande público. O trabalho de Maria Clara Spada de Castro dedica-se a esmiuçar os diferentes agentes envolvidos nessa revolta. Utilizando-se principalmente de fontes do Judiciário, desmonta-se a ideia consagrada de uma revolta de tenentes.
No decorrer das páginas deste livro, os atores sociais vão sendo apresentados ao leitor. Há tenentes e outros oficiais, evidentemente, mas o que se percebe é o forte apelo popular da revolta. A população torna-se visível: soldados negros, o operariado paulistano, a participação feminina, civis voluntários, nacionais e estrangeiros.
São Paulo foi uma cidade de imigrantes e essa pluralidade de atores envolvida é o grande diferencial dos acontecimentos de 1924 e da narrativa apresentada neste livro.