
No dia 29 de junho de 2013, faleceu Ciro Cardoso, aos 70 anos, vítima de câncer. É uma perda para a Universidade Federal Fluminense, na qual Ciro atuou desde 1979. É também uma perda para a comunidade historiográfica brasileira, que aprendeu a irar a obra, sobretudo teórica, do grande professor. Ciro Cardoso se destacou, nas décadas de 1970 e 1980, por sua contribuição à interpretação das sociedades coloniais na Época Moderna, em uma perspectiva marxista. Propôs a teoria original dos modos de produção coloniais, animado por uma crítica frontal ao marxismo "politizante". Recusou o modelo stalinista, que defendia a revolução burguesa como etapa necessária para o triunfo do socialismo, assim como o modelo do "foquismo revolucionário", que defendia a revolução comunista imediata. Ciro defendia um marxismo teoricamente puro, livre da política. Cansado das polêmicas que grassavam nos anos 1980, Ciro refugiou-se na História Antiga, sua paixão da juventude, mormente a história do Egito faraônico. Nem por isso abandonou a esgrima teórica, publicando vários textos contra a chamada Nova História, que considerava politicamente reacionária e teoricamente inconsistente. Autor premiado por sua tese doutoral sobre a Guiana sa no século XVIII, deixará muitos órfãos entre os alunos da Universidade Federal Fluminense. Ronaldo Vainfas - Professor UFF 1gb3g